22 de agosto de 2017

Ferro

Sinto um frio que não passa
Escorre algo pela garganta
Fecha os olhos e engole
O choro, a dor
O eu te amo
Tristeza tem sabor
De ferro


Levanta os olhos e procura
Incessante, insistente
Uma saída ou um caminho
Que leve para cima
Mas todos escurecem
Estrada
Abaixo


A casa não parece abrigo
A cama não traz alívio
Onde buscar analgésico
Pra essa dor
Que me sengue
Por onde quer
Que for


Engole mais uma vez
Pesado, denso, e todo dia
Um pouco mais de dor
Enfio garganta adentro
Cada dia o gosto
De ferro fica
Mais forte


Tranque as portas
Feche as janelas
Cortes os laços
Ajoelhe num canto
E deixe a trisreza sair
Em lágrimas

E ferro

7 de Agosto de 2017, Botucatu

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